Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 27/09/2022 às 13:22:22
'Tudo doía': ela conta como vida mudou após tratar problema na mandíbula
Irritação, dores de cabeça, de ouvido e muita tensão: é assim que Ágata Santos Silva, 28, especialista em planejamento e análise financeira, descreve como se sentiu diariamente ao longo de dois anos.
Hoje é outra pessoa, em suas palavras. Faz atividade física intensa, mudanças na rotina que só foram possíveis após a artroscopia, procedimento realizado para tratar o deslocamento do disco da ATM (articulação temporomandibular - espécie de "dobradiça" que liga a mandíbula ao crânio).
"Tomava muitos remédios, anti-inflamatórios e analgésicos por conta própria", lembra. A convivência em família era complicada, ela vivia cansada, tensionava a musculatura e, à noite, era quando tinha mais dor. Atividades simples eram um transtorno, como fazer compras, pois tudo doía, até mesmo ao empurrar o carrinho.
Devido às pontadas fortes no ouvido, ela decidiu ir ao otorrinolaringologista e chegou a realizar duas lavagens para tentar se livrar dos incômodos constantes que a deixavam estressada.
Na terceira consulta, a especialista recomendou que ela procurasse um dentista, afinal, não havia indícios de que o problema fosse, de fato, relativo ao órgão da audição.
Após fazer exames —raio-X panorâmico e ressonância—, o dentista informou o diagnóstico: deslocamento do disco da ATM, inflamação no local e até um coágulo do lado esquerdo.
A orientação era para que se consultasse com um cirurgião bucomaxilofacial. Em abril deste ano, ela passou por um procedimento chamado artroscopia —técnica que permite visualizar e tratar muitas lesões dentro da articulação sem a necessidade de grandes incisões—, e corrigiu o problema.
Após quase quatro meses da cirurgia, Ágata conta que ganhou qualidade de vida e se livrou das dores e dos remédios. Está mais paciente e bem-humorada.
"Faço acompanhamento médico e tomo as medidas de precaução, como usar a placa miorrelaxante, sempre à noite e até durante o dia, quando sei que posso ficar mais tensa."
Problemas na ATM
Entre os sintomas mais comuns que indicam problemas na região do osso da mandíbula, o único no organismo que possui duas articulações, estão dores miofaciais difusas, enxaquecas, limitações de abertura da boca, constantes estalos sentidos ao abrir e fechar a mandíbula, zumbidos no ouvido, sensação de ouvido entupido e há relatos de pessoas que acreditam estar até com labirintite.
As causas que levam ao problema são multifatoriais, mas o apertamento dentário é uma das principais, aliado às emocionais. Segundo Flavio Fidêncio de Lima, cirurgião bucomaxilofacial pelo CFO (Conselho Federal de Odontologia) e professor assistente do curso de especialização em implantodontia avançada na Faculdade São Leopoldo Mandic (SP), as manifestações se devem ao deslocamento do disco articular que protege as junções.
"70% das pessoas têm (ou já tiveram) disfunção na mandíbula e, dessas, de 85% a 90% são mulheres", informa Lima. A boa notícia é que menos de 10% dos casos são cirúrgicos, como foi o de Ágata. O restante é tratado com placas miorrelaxantes, fisioterapia e, também, com psicoterapia.
Além disso, as técnicas estão menos invasivas, proporcionando intervenções quase sem cicatrizes e com a recuperação mais rápida, como a artroscopia, mencionada acima.
Na artroscopia, o cirurgião bucomaxilofacial faz duas incisões na região anterior ao ouvido: por uma é introduzida uma cânula com a câmera e na outra, os instrumentos necessários para manipular a junção. "Às vezes, o paciente relata uma sensação de areia, no pós-operatório, mas é devida à substituição do líquido sinovial —que é viscoso e reduz o atrito no local— por ácido hialurônico que ajuda a reidratar a articulação", explica.
Durante a recuperação, a dieta é basicamente pastosa, mas em, no máximo, dez dias, retoma-se a rotina.
Fonte: Janaína Silva para VivaBem