Publicado por Redação em Gestão do RH - 04/05/2022 às 10:57:35

Tadeu Schmidt chorou no trabalho. Isso pode?



Nossa relação com o trabalho é tão intensa que às vezes dá vontade de chorar. Alguns choram por excesso de trabalho, outros por falta de um. Tem quem derrame lágrimas de tristeza por uma vontade de largar tudo, uma frustração de não ter sido promovido, uma raiva pelo tratamento de um cliente ou uma mágoa por ter sido desrespeitado por algum colega de trabalho. Quem nunca marejou os olhos depois de um dia difícil? Mas também há os dias de extrema satisfação: o dia do reconhecimento pelos resultados, a emocionante finalização de um projeto que deu certo, o momento que bate a sensação de que valeu a pena ou o dia em que tudo finalmente parece fazer sentido. 

Essa semana o Big Brother Brasil se encerrou e o apresentador Tadeu Schmidt chorou ao vivo no momento de anunciar o vencedor dessa edição. Apesar de ser um profissional treinado para lidar com o palco e as câmeras, a emoção extravasou. Como uma garrafa de champanhe que ficou mais de 100 dias pressionando a rolha… pop! 

Fiquei imaginando a sua sensação. Não deve ser nada fácil ter feito o que ele fez. Tadeu recebeu a missão de substituir Tiago Leifert depois de duas edições muito bem-sucedidas do programa que mais movimenta audiência e negócios na mídia brasileira. É algo comparável a substituir o camisa 10 de uma seleção ganhadora… e chegar batendo o pênalti. Assim como com os participantes, a atuação de Tadeu nesse jogo pode influenciar o resto da sua carreira. Uma boa performance nesse momento pode significar novos contratos, novas conquistas e uma nova relação com o público.

A tarefa era árdua. Esse intenso projeto exigiu da equipe meses de preparação, infinitos ensaios, gestão de imprevistos e uma carga puxada de horas de atenção. O próprio Tadeu chegou a compartilhar em suas redes momentos em que precisou dormir nos estúdios. Imagino o quanto de energia esse grupo precisou colocar nesse programa para que nada desse errado. Você já viu o quanto que os mecânicos vibram quando um piloto de Fórmula 1 ganha uma corrida? Só eles sabem o trabalho que tiveram. O piano nas costas de Schmidt talvez fosse ainda mais pesado. Bastava uma palavra mal colocada, uma falta de sensibilidade ou uma escorregada ao vivo para que a pessoa “cancelada” desse ano fosse o apresentador estreante e não um dos participantes do reality. Todas essas expectativas e cobranças devem ter se acumulado dentro dele.

Mas chorar não é apenas lavar os olhos. É transbordar. É um sinal de que o coração estava presente. Quem se emociona mostra que não está trabalhando como um robô. Mas que está ali por inteiro: com pensamentos, força e sentimentos.

Quando finalizamos uma grande conquista, a sensação é incrível. Como a de um alpinista que ficou anos se preparando para finalmente conseguir escalar o Monte Everest. Como um ultramaratonista que cruza a linha de chegada no Iron Man. Ou como um de nós que fecha um ciclo depois de muito esforço.

As lágrimas mostram que aquilo não foi só uma troca de atividades por salário. Elas revelam alguém que estava vivendo intensamente a sua profissão e dando o melhor que podia – alguém que estava absolutamente focado, cheio de adrenalina para tentar alcançar algo que, muito provavelmente, vai além da remuneração. O choro não aconteceu apenas para comemorar que o esforço vai diminuir de agora em diante, ele é um recado do seu corpo festejando a sua excelência. É você se agradecendo por ter colocado em prática a sua melhor versão.

Nossas relações profissionais estão mudando a cada dia. Antigamente, as empresas buscavam pessoas bem treinadas, obedientes, extremamente produtivas. Hoje aprendemos que isso pode ficar ainda melhor quando somamos a motivação causada pela autenticidade e as relações mais humanas. 

Vamos deixar para as máquinas fazerem o trabalho de máquinas. Leve o seu coração para o trabalho! Não estou falando de ser uma pessoa impulsiva, descontrolada ou imatura. Mas de ser intencional. De fazer querendo fazer. De colocar alma no que está produzindo. De enxergar propósito nas atividades do dia a dia. E deixar os olhos brilharem por isso.

Obrigado, Tadeu, por nos mostrar que pessoas de alta performance também choram. Nesse reality, você deu um show.

João Branco é CMO do McDonald’s.  linkedin.com/in/falajoaobranco/

Instagram @falajoaobranco



Fonte: Forbes


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