Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 01/09/2011 às 18:10:16

Respeito aos médicos e aos pacientes

Está marcada para o início de setembro, em São Paulo, a interrupção do atendimento aos planos de saúde por parte dos médicos. A paralisação será por tempo indeterminado em rodízio de especialidade. Ou seja, numa semana para a Ginecologia e Obstetrícia, na outra a Otorrinolaringologia, na próxima a Pediatria e assim por diante.

Não é apenas em São Paulo que médicos lutam contra as ações abusivas de certas operadoras. Para o dia 21 de setembro, também está marcada uma paralisação nacional. Tanto os profissionais paulistas quanto os de outros estados reivindicam o fim das interferências dos planos para reduzir exames, internações e procedimentos diversos, além das pressões para acelerar altas. São pressões que colocam em risco a prática segura da medicina e a saúde dos pacientes.

Os médicos querem ainda a recomposição das perdas dos honorários dos últimos anos. A remuneração praticada por operadoras de saúde são vergonhosas, provocando, por conseqüência, queda da qualidade na assistência. Uma consulta hoje está na média de apenas R$ 25. Um parto está na casa dos R$ 200, ou seja, uma afronta se pensarmos que nessa hora o especialista tem em suas mãos duas vidas preciosas: a da mãe e a da criança que está para nascer. Tamanho é o disparate que um fotógrafo de preço razoável cobra cinco vezes mais para registrar o parto.

As incongruências e as incoerências da saúde suplementar geram distorções recorrentes e perigosas. Ganhando mal, o médico é obrigado a acumular dois, três, quatro ou mais empregos. Alguns trabalham 50, 60, 70 ou mais horas semanais, o que vai contra a capacidade de qualquer ser humano. Assim, a medicina é exercida no limite da insegurança.

Faz tempo que médicos e pacientes exigem medidas rigorosas para coibir tais abusos. As operadoras são recordistas de reclamações em órgãos de defesa do consumidor e ninguém faz nada. Os hospitais também denunciam pressões e calotes dessas empresas. Os médicos sofrem com a remuneração vil e as interferências, e a situação permanece inalterada.

É por conta dessa omissão que médicos foram praticamente obrigados a recorrer a um movimento público de alerta. A população será preservada, pois o atendimento de urgência e emergência está garantido. As consultas e demais procedimentos serão remarcados, conforme orientação das entidades.

A possibilidade de caos no setor, entretanto, exige rigor por parte das autoridades competentes. A saúde suplementar não pode continuar sendo terra de ninguém. Médicos e pacientes exigem respeito já.

*Prof. Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

**As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicadas refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídia ou quaisquer outros envolvidos nesta publicação

Fonte: saudeweb.com.br


Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

A fatura da exaustão: os impactos da escala 6×1 na saúde mental dos trabalhadores

A longa jornada de seis dias por semana cobra um alto preço do bem-estar dos profissionais e levanta questionamentos sobre a necessidade de revisão das condições de trabalho no Brasil. A escala de trabalho 6x1, amplamente adotada em diversos setores, tem sido alvo de intensos debates sobre seu impacto na saúde mental

Saúde Empresarial, por Redação

ANS assina acordo para novo modelo de remuneração

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), representantes dos hospitais e dos planos de saúde assinam nesta quinta-feira,

Saúde Empresarial, por Redação

Médicos pretendem ir à Justiça contra proibição emagrecedores

"Não podem tirar a autonomia do médico e do paciente. Nós, médicos, sabemos o que é bom para o paciente", disse Homar, diz o vice-presidente do CRM do DF, Dimitri Homar

Deixe seu Comentário:

=