Publicado por Redação em Previdência Corporate - 22/08/2012 às 13:00:45
Resgates feitos pela classe C desafiam previdência privada
Vulnerabilidade do segmento da população está levando seguradoras a mudar estratégia e oferecer produtos específicos.
O ingresso da classe C no mercado de previdência privada aberto tem desafiado as empresas que atuam no setor a reter esses clientes. Apesar da vontade de poupar, esse segmento é bastante vulnerável a momentos de instabilidade econômica e acabam recorrendo aos recursos ao primeiro sinal de dificuldade.
"Essa característica mais volátil é inerente ao segmento, que começou a perceber agora a necessidade de poupar visando o longo prazo", afirma Lúcio Flávio Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência, cuja participação da classe C na base de clientes ainda é inferior a 20%.
A fórmula que vem sendo usada para tentar manter esses novos clientes por um período mais longo em sua base é oferecer produtos adequados ao perfil do poupador e, no momento do resgate dos recursos, apresentar alternativas.
"Nossa principal preocupação é oferecer produtos cuja capacidade de pagamento será suprida no médio/longo prazo. Se isso acontecer, as chances de saque caem significativamente", diz Osmar Navarini, diretor comercial da Mongeral Aegon.
Ainda segundo o executivo, o segmento responde por, aproximadamente, 30% da base de clientes da companhia e o potencial de crescimento é enorme, principalmente a partir do momento que esse segmento perceber que a previdência privada é uma das poucas alternativas de constituir um patrimônio com pequenos aportes mensais, que, em algumas seguradoras, começam em R$ 30,00.
Renato Terzi, vice-presidente da SulAmérica Seguros e Previdência, chama a atenção para uma característica da classe C.
"Eles são mais disciplinados nas contribuições se comparado aos demais segmentos da população. Enxergam na previdência privada o cofre eletrônico e gostam do instrumento justamente pelo difícil acesso ao resgate, ante os demais tipos de investimento."
Na Brasilprev, braço de previdência privada do Banco do Brasil (BB), a classe C resgata mais se comparada às classes de maior poder aquisitivo. Mas, de acordo com
Sandro Bonfim da Costa, gerente de inteligência de mercado da companhia, o percentual tem reduzido gradativamente. "Esse segmento da população está cada vez mais consciente da importância de poupar visando, principalmente, o futuro dos filhos. Tanto é que 54% dos clientes com perfil próximo à classe C têm planos voltados aos menores de idade", explica o executivo.
Além de tentar reter clientes, principalmente os da classe C, o sistema de previdência privada aberto tem o desafio de trazer novos poupadores, principalmente os mais jovens. Prova disso é que a fatia de clientes entre 18 anos e 30 anos é de 14,89%, segundo levantamento da Fenaprevi.
Em contrapartida, os clientes com faixa etária superior a 40 anos respondem pela maior parcela do mercado, 51,7% do total.
"Temos percebido maior preocupação desse segmento com o futuro. Já não há a memória inflacionária, quando tudo o que era poupado perdia valor rapidamente", diz Osvaldo do Nascimento, vice-presidente da entidade.
Fonte: www.brasileconomico.ig.com.br