Publicado por Redação em Mercado - 13/03/2024 às 09:54:00
Reflexões para líderes do futuro: o que mudou e para onde vamos?
À medida que o cenário corporativo se transforma, fica cada vez mais evidente a necessidade de adaptação e desenvolvimento das lideranças, não importa se você acabou de se tornar líder de uma área ou já atua há anos na cadeira de gestão.
A rápida evolução tecnológica redefine os limites do possível, enquanto as novas gerações trazem expectativas distintas às anteriores. Paralelamente, a pressão por práticas sustentáveis impulsiona as empresas em direção a um padrão ESG, enquanto também nos pressionamos por inovações disruptivas continuamente.
Não posso deixar de defender que em um cenário como esse, a necessidade de investimento em aprendizagem se torna definitiva para as organizações que terão sucesso e as que tenderão a falhar nesse novo momento. Sem desenvolvimento contínuo não adianta, não sairemos do lugar. Para isso, além da aprendizagem formal, enquanto líderes, devemos buscar ouvir o que outros de nós têm observado, aprendido e aplicado em suas realidades.
Recentemente, dividi um painel com dois profissionais exemplos para discutir esses e outros temas desafiadores. Tive o prazer de aprender com Rogerio Barreira, Presidente do McDonald’s no Brasil, e Carolina Pereira, CEO da CaKech, e separei algumas das reflexões neste artigo sobre o que mudou e para onde caminhamos. O painel ocorreu no evento SAB CEO do EBDI, que contou com a presença de diversos CEOs e teve uma rica troca de experiências ao longo de 3 dias.
Três reflexões sobre a liderança do futuro
-
Liderança e Geração Z: a capacidade de adaptabilidade é o que nos faz sermos bons líderes para esses novos profissionais
A Geração Z, ou seja, as pessoas nascidas entre a segunda metade dos anos 1990 até os anos 2010, já estão mostrando a que vieram no mercado de trabalho. Nascidos em meio ao boom da transformação digital, esses profissionais têm um papel fundamental no crescimento dos negócios, pois são extremamente inovadores, questionadores e também desafiadores.
Neste cenário, o que faz um líder mais sênior para atender às expectativas das novas gerações, se adaptar e se conectar com esses novos profissionais? Alguns dos pontos trazidos por Barreira incluem:
- Escuta ativa: até pouco tempo atrás, nós líderes éramos os detentores de conhecimento na organização. Não podíamos não saber o que fazer ou não ter conhecimento sobre algum tema. Hoje, pelo contrário, é fundamental que nós tenhamos humildade para permitir que outros membros da nossa equipe contribuam com ideias e soluções.
- Colaboração e flexibilidade: as novas gerações nos impulsionam a fazer da liderança um ato mais fluido. A flexibilidade tornou-se uma virtude, permitindo que os líderes mudem de rumo, reavaliando em conjunto, decisões conforme necessário.
-
Inteligência Artificial x Intimidade Artificial: como criar intimidades genuínas em meio à conectividade excessiva?
Com a crescente integração da tecnologia em nossa rotina, a capacidade de criar e manter conexões humanas autênticas dentro das organizações parece um dos maiores desafios da liderança hoje. Comprovadamente, usar das inovações tecnológicas nos torna mais produtivos e também abre espaço na agenda para sermos mais estratégicos. No entanto, abusar desses usos pode nos gerar ansiedade e desconexão.
A hiperconectividade e o tempo gasto em atividades digitais cria uma necessidade constante de imediatismos. Se recebemos uma notificação no celular ou no smartwatch, ou até um e-mail no final de semana, sentimos a obrigação de responder, deixando de viver e aproveitar o momento presente.
Sobre isso, Carolina pontua que estabelecer limites claros e adotar uma abordagem consciente para o uso da tecnologia são fundamentais para preservar conexões autênticas no ambiente de trabalho e na vida. Não à toa, é cada vez mais comum encontrarmos organizações que periodicamente propõem às equipes encontros fora do escritório para maior interação, seja em passeios ao ar livre, viagens ou até imersões.
-
Inovação precisa ser disruptiva: será?
Uma das coisas que mais me impressiona é a falsa crença que as pessoas têm de que a criatividade é uma capacidade inata: ou você nasce com ela ou não. Não à toa, perguntei às pessoas que estavam na plateia assistindo ao painel, quem se considera criativo e pouquíssimas pessoas tiveram a coragem de levantar a mão. Quando, brincando, perguntei quem se considera “criativinho”, tivemos um maior número de braços levantados. O que isso nos diz?
Essa provocação mostra que na verdade temos medo da inovação, acreditamos que ela é um bicho de sete cabeças e que não é para todo mundo. Portanto, trago aqui duas verdades para desmistificar essa crença: (i) criatividade é uma habilidade que pode (e deve) ser desenvolvida e (ii) todo mundo pode inovar.
Como líderes, precisamos simplificar o processo de inovação e mostrar que o nível de exigência não é tão alto a ponto de estagnarmos por esperarmos apenas por ideias geniais de nossas equipes. Eu sempre digo que inovação é a combinação de processos com ganho de repertório, e aqui, Carolina trouxe também a ideia de que inovação é “clonar ideias e trazer para a sua realidade, respondendo a uma dor.”
Sendo assim, está nas nossas mãos criar um ambiente onde os colaboradores se sintam empoderados para compartilhar suas ideias e contribuir para os esforços inovadores da empresa, sem necessariamente precisarmos impor que toda inovação precisa ser disruptiva.
“Pensar fora da caixa, mas e se antes a gente olhar para dentro dela?”
Essa foi uma fala de Rogerio, Presidente do McDonald’s no Brasil, que considero perfeita para finalizar este conteúdo. Antes de você, líder, querer mudar o mundo com as ideias e aprendizados coletados, avalie o nível de desenvolvimento e preparo da sua organização para absorvê-los.
Muitas vezes, nossas equipes não estão prontas para absorver certos comportamentos e, de maneira muito automática, repetimos o bordão de “pensar fora da caixa”. Precisamos, no entanto, dar um passo atrás e, antes disso, olhar para dentro dela.
Fonte: EXAME
Bruno Leonardo (Vice President of Corporate Education da Exame)