Publicado por Redação em Notícias Gerais - 19/06/2015 às 10:27:17

PF prende presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez na Lava Jato

Presidentes de grandes empresas são detidos na operação Lava a Jato da PF

A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta (19) os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, no âmbito das investigações da Operação Lava Jato.

Odebrecht, que faz parte da terceira geração da família que dá nome à empreiteira —a maior do país—, foi apontado por diversos delatores como um dos líderes do cartel de empresas que participavam do esquema da estatal.

Os procuradores não detalharam os motivos da prisão dos executivos. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em depoimento que o operador Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, "tinha um negócio em comum" com Azevedo, mas sem detalhar qual seria relação entre ambos.

Em São Paulo também foram presos outros três executivos da construtora: Márcio Faria, Alexandrino Costa e Rogério Araújo. A PF também prendeu Paulo Dalmazzo e Antonio Pedro, da Andrade Gutierrez.

Faria já havia sido citado por delatores da Lava Jato como envolvido no esquema de corrupção na Petrobras. O Ministério Público Federal também aponta, em denúncia contra a Camargo Corrêa que ele é um dos líderes do cartel, ao lado do dono da UTC, Ricardo Pessoa.

O executivo já tinha sido alvo de busca e apreensão durante a sétima fase da Lava Jato, em novembro do ano passado.

O nome dele ainda foi citado em depoimento à Justiça do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que reconheceu ter recebido dinheiro da Odebrecht.

Araújo foi alvo de delação do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que afirmou à Polícia Federal ter recebido cerca de US$ 1 milhão de propina da Odebrecht por meio de contas no Panamá. Segundo Barusco, Araújo foi quem operou o pagamento. Ainda estão em andamento medidas de busca e apreensão na empreiteira e nas casas dos executivos.

 

MANDADOS

 

Segundo a PF, ao todo foram emitidos 9 mandados de condução coercitiva, 8 mandados de prisão preventiva e 4 mandados de prisão temporária, além de 38 mandados de busca e apreensão.

Na cidade de São Paulo, são quatro mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, cinco de condução coercitiva e 17 de busca e apreensão. Em Jundiaí (SP), um de busca e apreensão.

No Rio, são três mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, três de condução coercitiva e 16 de busca e apreensão.

Outra medida de prisão preventiva foi emitida para Belo Horizonte, onde também ocorrem duas diligências de busca e apreensão. Em Porto Alegre, há um mandado de condução coercitiva e dois de busca e apreensão.

A nova fase da Lava Jato foi denominada "Erga Omnes", expressão em latim que significa "vale para todos".

Em março, ao comentar vazamentos de informação da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse: "Se alguém, mesmo que seja do PT, praticou qualquer ato de corrupção, ele tem de ser punido. Portanto, nós participamos do pressuposto de que a lei vale para todos. Se há uma denúncia de corrupção, e você tem justiça apurando, Polícia Federal investigando, é um processo natural em qualquer país democrático. Ninguém pode ser condenado antes do julgamento final, mas no Brasil estamos vivendo um momento em que os vazamentos de informações são seletivos. Se são seletivos, significa que se condena quem quiser condenar, no momento que acharem mais adequado".

OUTRO LADO

A Odebrecht confirmou que foram cumpridos mandados de busca e apreensão em seus escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro e "alguns mandados de prisão e condução coercitiva".

"Como é de conhecimento público, a CNO [Construtora Norberto Odebrecht] entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações", afirmou.

A Andrade Gutierrez informou que presta todo o apoio necessário aos seus executivos nesse momento.

"A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível. A Andrade Gutierrez reitera, como vem fazendo desde o início das investigações, que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava Jato, e espera poder esclarecer todas os questionamentos da Justiça o quanto antes", afirmou.

Fonte: Folha de São Paulo


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