Publicado por Redação em Mercado - 18/10/2023 às 10:00:45
Metade das competências profissionais serão irrelevantes em 2025, diz estudo
Executivos acreditam que quase metade (49%) das competências da força de trabalho hoje não serão relevantes daqui a dois anos, graças à inteligência artificial. E muito disso inclui suas próprias habilidades, segundo uma pesquisa recente divulgada pela edX, uma plataforma americana de educação on-line fundada pelas universidades Harvard e MIT, que entrevistou 800 executivos e 800 funcionários de empresas.
Nesse sentido, quase a mesma proporção (47%), acredita que os profissionais não estão preparados para o futuro do trabalho.
Ainda que identificar a escassez de competências na força de trabalho não seja um resultado surpreendente vindo de uma plataforma educacional, o curto período de tempo citado chama a atenção.
Os executivos que participaram da pesquisa estimam que, nos próximos cinco anos, as empresas em que trabalham vão eliminar mais da metade (56%) das funções de profissionais de nível inicial devido à inteligência artificial. Além disso, 79% dos executivos preveem que os empregos dessas pessoas deixarão de existir, à medida que a IA cria um conjunto totalmente novo de funções para os que entram no mercado de trabalho.
Impacto da IA no alto escalão
Mas os trabalhadores em nível inicial não serão os únicos afetados: 56% dos profissionais em cargos de gestão afirmam que as suas próprias funções serão “totalmente” ou “parcialmente” substituídas pela IA.
No entanto, alguns líderes são céticos em relação a essas previsões negativas. “Na minha opinião, o impacto imediato da IA nas carreiras provavelmente será mínimo”, afirma Richard Jeffs, vice-presidente executivo e gerente geral da companhia global de TI HCL Software. “Embora muitas empresas afirmem estar aproveitando a IA, a realidade é que a maioria ainda está nos estágios iniciais de adoção.”
Ele espera um impacto maior nos trabalhadores em longo prazo à medida que a IA amadurece nas empresas.
Embora a inteligência artificial já esteja redirecionando empregos e perspectivas de carreira, seu impacto sobre o trabalho ainda não está claro – não é uma simples questão de trocar humanos pela tecnologia e pronto. “A parte desafiadora é que é muito difícil prever com precisão onde e quando esse redirecionamento ocorrerá”, diz Frederico Braga, líder da área digital da biofarmacêutica suíça Debiopharm. “Quase todos os profissionais cujo dia a dia está de alguma forma conectado com uma atividade digital precisarão ajustar seus objetivos de carreira à medida que eles – e as pessoas ao seu redor – começarão a ver mudanças em suas atividades e processos diários relacionados ao trabalho.”
Em alguns casos, esse redirecionamento pode nem ser necessário. “Em vez de repensar suas habilidades essenciais, uma habilidade profissional muito valiosa a ser desenvolvida é descobrir como usar ferramentas e tecnologias emergentes de IA como um impulsionador para tornar seus pontos fortes ainda mais fortes”, diz Jonathan Martins, presidente da WEKA, plataforma de gerenciamento de dados em nuvem. “Uma pergunta a ser feita é como você pode aproveitar a IA para se tornar cada vez melhor naquilo que você já é bom.”
“A maioria das aplicações bem-sucedidas de IA vão ampliar as habilidades humanas, e não simplesmente as substituir”, diz Vittorio Cretella, CIO da multinacional de bens de consumo Procter and Gamble. “Os humanos continuarão a fazer a diferença na fase de definição do problema – analisando e identificando padrões antes de tentar buscar uma solução algorítmica.”
A pesquisa da edX, por outro lado, sugere que mesmo os mais altos líderes das empresas estão preocupados com a absorção das suas tarefas pela IA. E, para 47% dos executivos C-Level, “a maior parte” ou “todas” as tarefas dos CEOs deveriam ser completamente automatizadas ou substituídas pela IA – e 49% dos próprios CEOs concordam.
Habilidades em alta na era da IA
Embora a inteligência artificial possa substituir a tomada de decisão humana em alguns níveis, a gestão das organizações exige certas qualidades que só os humanos podem trazer para a mesa. “Líderes, profissionais curiosos e aqueles com habilidades de engajar a equipe continuarão em alta demanda”, diz Jefts, da HCL Software. “Encontrar pessoas com fortes habilidades interpessoais é um desafio maior que a IA generativa não consegue realizar.”
À medida que a IA evolui, as competências que se tornarão mais importantes incluem “pensamento crítico, inteligência lógica, habilidades interpessoal e intrapessoal, planejamento estruturado e organização”, diz Braga, da Debiopharm. “As habilidades que serão cada vez menos exigidas à medida que a IA se torna mais enraizada nas atividades diárias do trabalho incluem tarefas repetitivas, atividades de análise e interpretação e geração de conteúdo.”
Potencial da inteligência artificial na carreira
Os autores da pesquisa da edX concordam que, embora a IA elimine muitas tarefas, também aumentará a eficácia dos executivos, liberando tempo para focar em atividades comerciais mais importantes. “Além de lidar com tarefas simples, como preparar comunicações executivas, a IA também poderia apresentar ideias para novos mercados, produtos ou modelos de negócios. Essas tecnologias também poderiam ajudar no planejamento e na previsão, e apoiar a tomada de decisões baseada em dados.”
A pesquisa mostra que 92% dos executivos consideram importante melhorar as suas competências em IA nos próximos um a dois anos, e a mesma percentagem já utiliza a inteligência artificial nas suas funções. Perto de oito em cada dez executivos (79%) temem que, se não aprenderem a usar a IA, não estarão preparados para o futuro do trabalho. “Embora a maioria dos executivos se sinta otimista sobre como a IA irá impactá-los, alguns se sentem sobrecarregados pelo ritmo da mudança”, acrescentam os autores.
Estar familiarizado com a IA e as suas capacidades “permitirá aos profissionais aproveitar o seu potencial, especialmente em áreas como RH, vendas e suporte”, concorda Jeft. “Nos próximos meses e anos, os tipos de funções ou profissionais mais impactados pela IA serão principalmente líderes seniores de TI que precisam entender a tecnologia.”
Ainda assim, segundo Martin, da WEKA, sempre haverá espaço para a mente criativa e o pensamento estratégico. “Mesmo que os aplicativos de IA generativa fiquem cada vez mais avançados, alguém ainda precisará desenvolver prompts (comandos), selecionar os resultados e determinar como esse resultado será usado.”
A criatividade necessária para a resolução de problemas “também é uma habilidade profissional extremamente subestimada em qualquer setor”, acrescenta Martin. “Sem dúvida, obstáculos surgirão ao longo da sua carreira. E a criatividade é uma área em que anos de experiência no mundo real podem ser difíceis de substituir pela IA.”
Fonte: Forbes
Joe McKendrick (traduzido por Fernanda de Almeida)