Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 21/02/2024 às 09:46:25
Menopausa e carreira: como as mudanças hormonais afetam as mulheres no trabalho
Quando o assunto é menopausa, existe uma pauta importante, mas que muitas vezes fica ofuscada: sua relação com o trabalho e a liderança. Tasneem Bhatia, conhecida como Dra. Taz, é uma especialista em saúde da mulher, autora e influenciadora que debate os desafios e os impactos da perimenopausa e da menopausa nas trajetórias profissionais.
Impacto da menopausa na carreira
A médica explica por que a menopausa é muitas vezes vista como um obstáculo na carreira das mulheres. “Existem vários motivos para isso: as mudanças na energia e na motivação, dificuldades com o sono, o que afeta o humor, ansiedade e depressão, e a tentativa de esconder ondas de calor”, diz a Dra. Taz.
Além disso, muitas mulheres relatam que a idade por si só atrapalha o desenvolvimento profissional. “E já ouvi algumas dizerem que as mudanças no seu peso também resultam em tratamento diferente”, diz ela, que abordou esses temas no seu livro, “A mudança hormonal”. Segundo dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA, a cada 10% de aumento no peso de uma mulher, sua renda cai, em média, 6%.
Para a especialista, é urgente discutir essas questões abertamente, quebrando o tabu que tradicionalmente cerca as discussões em torno da menopausa, especialmente em ambientes profissionais.
Os sintomas da menopausa, desde ondas de calor até alterações de humor e distúrbios do sono, podem ser perturbadores para as mulheres e ter um impacto significativo no desempenho profissional. “Existem soluções, que vão desde alternativas naturais até terapias abrangentes de reposição hormonal”, diz a médica.
E o primeiro passo é deixar a vergonha e a culpa de lado. “Ao discutir abertamente os sintomas, procurar apoio e explorar soluções personalizadas, as mulheres podem manter o foco e a produtividade, impulsionando as suas carreiras com confiança”.
Como progredir na carreira
O climatério, transição da fase reprodutiva da mulher para a não-reprodutiva, tem início por volta dos 40 anos e se estende em média até os 65 anos. E coincide com o momento em que muitas mulheres estão assumindo – e até recusando – cargos de liderança enquanto vivem diversos sintomas, de cansaço à depressão – muitas vezes sem entender de onde eles vêm.
A Dra. Taz mostra como as mulheres líderes podem ter um equilíbrio entre o pessoal e o profissional em meio às mudanças que acompanham a menopausa. “Elas precisam entender e cuidar da sua saúde, e isso inclui a saúde nutricional, hormonal e mental.”
À medida que as mulheres sobem na carreira, o estresse se torna um companheiro de jornada. “Quando estamos estressados, nossa química muda, e com estresse crônico, experimentamos uma inflamação cerebral que nos faz comer mais, escolher alimentos rápidos em vez de preparar refeições, sacrificar exercícios e perder o sono.”
Mudanças no estilo de vida e ações das empresas
As mudanças hormonais durante a menopausa podem ter efeitos de longo alcance na função cognitiva e nos níveis de energia. A médica recomenda fazer mudanças na dieta, nos exercícios e no estilo de vida para equilibrar os hormônios e otimizar o desempenho profissional.
Entendendo que as alterações hormonais desencadeiam alterações no açúcar no sangue, ela defende aumentar a ingestão de proteínas, se hidratar e se alimentar em intervalos definidos e reduzir o consumo de açúcar.
Capacitar as mulheres para cuidar da sua saúde, gerir o stress e adotar soluções personalizadas não só beneficia suas carreiras individuais, mas também contribui para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e para a economia. Mas as empresas também precisam olhar para isso – discutindo o tema e criando ações para amparar as mulheres nesse período. Globalmente, as perdas de produtividade relacionadas à menopausa podem exceder US$ 150 bilhões anualmente, segundo a consultoria americana Frost & Sullivan.
*Elizabeth Pearson é colaboradora da Forbes US. Ela é consultora de carreira, autora, podcaster e palestrante com foco em mulheres.
Fonte: Forbes