Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 18/10/2013 às 12:19:13

Estaria a resistência dos médicos atrasando a saúde móvel?

Revolução é um termo muito usado na saúde – quase tanto quando “inovador”. Apesar disso, o surgimento dos aplicativos, dispositivos e serviços móveis de saúde realmente possuem os elementos necessários para uma revolução genuína. E como a maioria das revoluções, ela desafia os poderes constituídos e ameaça a redistribuição da riqueza.

Um relatório da PwC de junho de 2012 resume a situação, explicando que a saúde móvel oferece aos pacientes um maior controle de seu cuidado médico e que os médicos “provavelmente resistiriam à perda de poder implícita no ganho de controle do paciente”. Essa desistência provavelmente atrasaria a adoção desses serviços e ferramentas.

Uma observação mais acurada dos resultados da pesquisa do relatório da PwC é reveladora. Cerca de metade dos pacientes pesquisados acreditavam que as iniciativas móveis de saúde iriam melhorar a conveniência, o custo e a qualidade de suas saúdes. Por outro lado, apenas 27% dos médicos encorajavam seus pacientes a usarem aplicativos médicos para ficarem mais ativos no gerenciamento da própria saúde e 13% desencorajavam ativamente. “42% (…) se preocupam que o mHealth (saúde móvel) tornará os pacientes muito independentes”.

O que há por trás dessa resistência profissional? Uma possibilidade: “mHealth é fundamentalmente sobre mudar o contrato social entre pacientes e médicos”, disse Eric Dishman, diretor de inovação em saúde da Intel, na época em que o relatócio da PwC foi feito. E esse contrato social deixa, tradicionalmente, o médico no controle, sempre tomando as decisões e cobrando o que o mercado consegue suportar por seus serviços. É natural para qualquer profissional se sentir ameaçado se esse equilíbrio é perturbado.

Mas apesar de haver validade nas visões de Dishman e do analista da PwC, houve uma generalização. Conversei com inúmeros médicos que dão boas-vindas ao advento do “paciente ativo” e percebem valor na saúde móvel. Um número crescente de médicos também dão boas-vindas ao processo compartilhado com seus pacientes de tomada de decisão e veem a relação médico/paciente como uma parceria.

Muitos realizam um esforço conjunto para envolver os pacientes na saúde digital ao encorajá-los a examinarem os dados em seus registros eletrônicos de saúde (EHR – electronic health record), por exemplo. Vale dizer que muitos pacientes reclamam que os EHRs criam um obstáculo entre eles e seus médicos, já que os doutores passam mais tempo olhando para a tela do computador do que para o paciente em si. Mas médicos com habilidades sociais estão rapidamente aprendendo a resolver esse problema.

O relatório do PWC também oferece uma explicação simplificada dos motivos de muitos médicos não encorajarem seus pacientes a se envolverem com a revolução móvel. Não é apenas sobre perda de controle da relação médico/paciente. Também é por acreditarem que sem um sólido conhecimento em fisiologia e bioquímica, muitos leigos são facilmente enganados.

Mas a solução para o último problema não é os médicos desencorajarem o uso dos aplicativos móveis; a solução é educar adequadamente seus pacientes. Isso significa desenvolver uma relação de confiança com seus pacientes para que eles acreditem que você visa o melhor para eles quando dá conselhos sobre aplicativos móveis e sites que não são confiáveis. Esse tipo de educação é responsabilidade dos profissionais da saúde. As ferramentas de saúde móvel corretas apenas aceleram esse processo educacional.

* Por Paul Cerrato, da InformationWeek Healthcare USA
** Tradução: Alba Milena, especial para a InformationWeek Brasil

Fonte: SaudeWeb


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