Publicado por Redação em Notícias Gerais - 04/08/2016 às 11:53:38
Empresas contam por que aumentaram a licença-paternidade para 30 ou 40 dias
Algumas empresas têm adotado licença-paternidade maior do que o determinado por lei, oferecendo 30 ou 40 dias como um benefício a seus funcionários.
Manter um empregado longe do trabalho por mais tempo leva a uma queda na produtividade, certo? Não, segundo as empresas que adotaram a medida.
Segundo a diretora de Recursos Humanos da Natura, Fatima Rossetto, não há essa preocupação. "Realmente acho que indivíduos mais felizes são mais engajados, são mais produtivos", afirma.
A licença-paternidade foi estendida para 40 dias no início do ano e, segundo ela, a mudança vinha sendo planejada desde o final de 2015. Rossetto afirma que a empresa possui cerca de 7.000 funcionários, quase a metade homens.
Carolina Portella, gerente de RH da marca de roupas Reserva, afirma que a iniciativa de ampliar a licença para 30 dias partiu do próprio dono, Rony Meisler, após ele ter tirado um mês para ficar com o filho.
A empresa também diz que não há queda na produtividade. "Não temos esse medo porque existe a preparação [da área] para a saída dessa pessoa", diz Portella.
A medida ajuda "também para a reintegração das mulheres no retorno ao trabalho e para sua carreira no futuro", segundo a diretora de RH do Twitter para a América Latina, Mariabrisa Olivares. A afirmação foi feita quando a empresa anunciou a licença-paternidade de 20 semanas (cinco meses).
Licença igual para homens e mulheres
"A tendência do mercado é falar de equidade de gênero cada vez mais constantemente", afirma a responsável pelo RH na Natura.
Mas, se o objetivo é igualdade entre homens e mulheres, por que não dar o mesmo período de licença a todos?
Na Natura, as mulheres têm licença de seis meses --a lei determina quatro.
Rossetto diz que os 40 dias de licença-paternidade foram pensados para cobrir o primeiro momento da vida da criança, "período de maior mudança e adaptação do bebê e da mãe, questões hormonais e físicas", segundo ela.
Ela diz que, agora, os resultados da licença serão analisados na prática e a possibilidade de ela ser ainda maior vai depender dos impactos da medida e de quantos funcionários vão aderir, já que o benefício é opcional. "Vamos ver como vem a adesão. Se for positivo, por que não estender (o tempo)?"
Carolina Portella, da Reserva, também vê a possibilidade de ampliar ainda mais a licença-paternidade. "É claro que nosso sonho é conseguir licença-maternidade de 180 dias, levar pais para 180 dias. Acho que esse é o próximo passo de todas as empresas que estão preocupadas genuinamente com os funcionários", afirma.
Pais têm medo de tirar licença
O benefício da licença estendida é opcional tanto na Natura quanto na Reserva. Ou seja, se desejarem, os pais podem tirar apenas os cinco dias determinados por lei.
Pode parecer estranho alguém dispensar os dias a mais em casa, mas alguns funcionários ficam inseguros e preferem não deixar o trabalho por tanto tempo.
Segundo levantamento da consultoria Deloitte nos EUA, menos da metade dos mil entrevistados, entre homens e mulheres, consideram que as empresas em que trabalham criam um ambiente confortável para que os homens tirem a licença.
Mais de um terço disse que sentia que tirar a licença "prejudicaria sua posição no trabalho". Mais da metade (54% das mulheres e 57% dos homens) disse que tirar a licença seria visto como falta de comprometimento com o trabalho, e 41% sentem que perderiam oportunidades em projetos.
Fonte: Uol