Publicado por Redação em Carreira - 19/01/2021 às 10:34:58

Como transformar o seu trabalho em algo que você ama



Se você é como milhões de outras pessoas na montanha-russa da pandemia, certamente está repensando sua vida profissional.

Você deve estar usando a tecnologia de maneiras que não imaginava há um ano. Além disso, seu trajeto matinal não passa daqueles 25 passos entre a cozinha e o escritório improvisado no quarto. Provavelmente já se passaram meses desde que você teve o último contato ao vivo com um colega de trabalho. Às vezes, você usa o termo “novo normal”, mas não tem certeza do que isso realmente significa.

Então, você está examinando sua vida profissional de maneiras que nunca antes considerou necessárias. Você tem um zilhão de perguntas sobre o futuro e seu lugar nele.

A Forbes conversou com o escritor Jonas Altman, especialista em liderança e práticas de trabalho e autor do livro “Shapers: Reinvent the Way You Work and Change the Future” (sem edição em português), que explicou a responsabilidade que as pessoas têm de criar alegria e satisfação no meio corporativo e como permanecer adaptável.

Veja, a seguir, os melhores momentos da entrevista:

Forbes: Você usa o termo “workaholic engajado”. O que exatamente isso significa?

Jonas Altman: Enquanto um workaholic exibe um comportamento evasivo, um workaholic engajado demonstra um comportamento deliberado. Quando encontramos significado em nosso trabalho – vendo-o como um esforço agradável -, não precisamos passar pelo mesmo que os “workaholics infelizes”, que podem estar obcecados com seus empregos, mas não gostam realmente deles, passam. Para os engajados, o trabalho não funciona como uma diversão, mas como uma indulgência.

F: Quais são os passos para transformar um trabalho desagradável em um trabalho que é apreciado e até amado? Quem é o responsável por essa transformação?

JA: Uma maneira de transformar aquele emprego esquecido por Deus em um que você ama é justamente o que vem sendo chamado de job crafting. A insatisfação gera inovação e isso pode ajudá-lo a examinar e reformular suas tarefas, relacionamentos e mentalidades.

Como exemplo, vamos pegar o caso de uma faxineira de hospital que assumiu a responsabilidade de realizar muitas atividades além de suas funções habituais. Ela limpa regularmente o teto para que os pacientes não tenham que olhar para a sujeira ou teias de aranha. Costuma levar água para doentes com sede entre as trocas de turno da enfermagem. Para aqueles que estão em coma, ela até muda o ambiente na esperança de que isso possa melhorar o bem-estar deles (ou ajudá-los a acordar). Essa mulher se vê não apenas como uma faxineira, mas como uma zeladora. Expandir seu trabalho, dentro do razoável, permite obter mais satisfação e prazer.

Às vezes, as condições são muito tóxicas para possibilitar que isso seja colocado em prática. Embora a responsabilidade pela valorização do seu próprio trabalho recaia sobre você, líderes e colegas certamente podem, e devem, apoiar para que isso se torne uma realidade.

F: Nossas dinâmicas no mundo corporativo estão mudando cada vez mais rápido. O que as pessoas podem fazer para continuar adaptáveis ​​às oportunidades emergentes?

JA: Defina prioridades ambiciosas, mas realistas, e monitore-as com contribuições e reflexões regulares e equilibradas. Estabeleça limites rígidos para permanecer focado durante as horas mais criativas. Ajuste sua atenção, fique consciente de seu humor, esteja presente e sinta o que é necessário no momento. Seja inabalavelmente responsável por si mesmo e pelos outros. Adote uma abordagem diversificada e ágil para trabalhar, tendo um conjunto sólido de habilidades e desenvolvendo outras à medida que avança. Certifique-se de estar sempre aprendendo como mudar.

F: As pessoas podem arquitetar esse dom de fazer boas descobertas por acaso? Como?

JA: Sim. Continue fazendo aquelas coisas que o iluminam e permaneça com a mente aberta. Tenha bons pensamentos. Esteja nos lugares corretos e faça as coisas certas. Conecte pessoas e se doe. Escolha a curiosidade sobre o julgamento. Aprenda a se desapegar e nunca pare de aprender.

F: A “autogestão” é uma abordagem que um número crescente de empresas está adotando com sua equipe. Qual é a chave para fazer isso funcionar?

JA: A autogestão é baseada na confiança, competência e dignidade. É uma experiência contínua que evolui ao longo do tempo da mesma forma que as pessoas. Assim, a primeira coisa necessária é a disposição.

Também é fácil pensar nessa característica como prescritiva. Mas o que funciona para uma empresa não necessariamente funcionará para outra. É uma teoria atraente, mas colocá-la em prática pode ser uma verdadeira chatice. Quando os trabalhadores não conseguem se esconder da verdade, os egosmedos e motivações ficam expostos. Essa atmosfera emocionalmente carregada pode ser poderosa e paralisante. E a vulnerabilidade exigida nas culturas de autogestão não é para os fracos. Muitas pessoas não querem lidar com toda a bagagem extra do escritório.

A pandemia de Covid-19 ajudou a empurrar algumas empresas que não estavam prontas para a autogestão na direção certa. Outras, que estavam cultivando a prática, agora estão diminuindo, porque o modelo foi projetado propositalmente para aproveitar mais de nosso capital humano no momento em que mais precisamos.

F: O que as pessoas podem fazer para estabelecer limites para si mesmas, de modo que possam superar (ou evitar totalmente) o vício de trabalhar apenas por trabalhar?

JA: Benjamin Franklin costumava se fazer sempre uma pergunta de manhã: “O que devo fazer hoje?”. No final do dia, ele se perguntava: “O que eu fiz de bom hoje?”.

Podemos começar fazendo o mesmo e deixando bem claro quais são nossas prioridades e valores. Podemos perceber que nossa energia criativa e cognitiva é limitada e precisamos ser extremamente criteriosos na maneira como gastamos esse recurso finito. Porque quando ficamos muito ocupados, nossa atenção é desviada. Então, acabamos tomando decisões terríveis sobre como gastar nosso tempo.

Infelizmente, ainda é comum encontrar trabalhadores muito ocupados, mas não necessariamente produtivos. E, por fim, não há mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional, há apenas a mistura. E se você está muito ocupado para ver isso, então realmente precisa parar e dar uma olhada a sua volta.



Fonte: Forbes


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