Publicado por Redação em Notícias Gerais - 18/03/2015 às 11:49:22

Câmbio não está fora de controle, diz ministro do Planejamento

Segundo ele, câmbio mudou de nível devido a fatores internos e externos.
Ajuste tem impacto restritivo em 2015 e inflação será alta neste ano, diz.

O câmbio mudou de nível, com a disparada do dólar nos últimos meses, mas "não é uma situação fora de controle", afirmou o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal nesta terça-feira (17).

"Quando olhamos para uma série [histórica] mais longa [um período maior de tempo], observamos o câmbio de volta ao nível de 2006, também quando estava em 2000, após a crise cambial de 99. O realinhamento do câmbio ocorre devido a fatores internos e externos. Caiu o preço das 'commodities' [produtos básicos com cotação internacional, como petróleo, minério de ferro e alimentos] e o dólar esta subindo no mundo inteiro. Não é uma situação de câmbio fora de controle", declarou o ministro a parlamentares.
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Nesta terça-feira (17), o dólar opera em alta em meio a persistentes preocupações com a situação econômica e política brasileira, as intervenções do Banco Central no câmbio e na véspera da decisão de política monetária do banco central norte-americano. O dólar abriu os negócios do dia cotado a R$ 3,25. Na segunda-feira (16), o dólar fechou a R$ 3,2445, em baixa de 0,14%. No mês, há valorização acumulada de 13,6% e no ano, uma forte subida de 22,03%.

De acordo com o ministro do Planejamento, o câmbio é flutuante, ou seja, não há uma meta para a cotação do dólar, embora o Banco Central oferte contratos de "swap cambial" - que funcionam como uma venda de divisas no mercado futuro, o que impede uma alta maior no mercado à vista.

"O câmbio flutuante muda de patamar, mas não sai do controle. Nessa mudança, causa efeitos temporários sobre a inflação e sobre o nível de atividade. Quando se acomoda em novo patamar, a economia se adapta depois de seis, nove, 12 meses. Foi o que conteceu em 1999, 2000, e 2003. Depois do impacto inicial, que é restritivo e inflacionário, abre novas frentes de negócios [para exportadores, por exemplo, que ganham mais com as vendas externas]. O governo está atento a isso, monitorando. O governo está bem atento a isso, tomando as medidas necessárias na dose adequada", acrescentou Nelson Barbosa.

Ajuste nas contas públicas


Nelson Barbosa admitiu ainda que o ajuste que está sendo implementado pelo governo federal nas contas públicas, por meio do aumento de impostos, sobre, por exemplo, automóveis, crédito e gasolina, além cortes de gastos e limitação de benefícios sociais, tem impacto "restritivo" na atividade econômica no "curto prazo", mas acrescentou que é necessário para a recuperação do crescimento da economia brasileira de forma sustentável.

O mercado financeiro estima uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,78% neste ano, segundo pesquisa conduzida pelo Banco Central na semana passada. Se confirmada, será a maior contração da economia brasileira desde 1990, quando se retraiu 4,35%, ou seja, em 25 anos. Para 2016, o mercado baixou sua expectativa de uma alta de 1,4% para um crescimento um pouco menor, de 1,3%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. Segundo a autoridade monetária, a atividade econômica iniciou este ano em contração. O ministro Nelson Barbosa disse que o mercado espera um crescimento maior da economia a partir do quarto trimestres deste ano, mas acrescentou que o governo trabalha para que o país "cresça mais rapidamente a partir do terceiro trimestre".

Para ele, a estratégia de reequilíbrio das contas públicas é um passo para a retomada do crescimento. "[O crescimento] para ser sustentável, tem de ter investimento. As pessoas investem se esperam ter demanda por aquele investimento. Ninguém abre uma fábrica porque está barato, mas porque esperam ter uma demanda sustentável, por vários anos. E, para isso, é preciso ter controle da inflação e equilíbrio fiscal. Primeiro passo é trazer inflação de volta para o centro da meta [de 4,5%] e reequilibrar as contas públicas", disse.

Barbosa afirmou ainda que o ajuste nas contas públicas não é um fim em si mesmo, e acrescentou que o Brasil continua sendo uma "economia continental", diversificada e com milhões de habitantes e consumidores, além de ter um "grande potencial de crescimento".

"Nosso desafio é fazer propostas para concretizar esse potencial. Avançamos muito na inclusão social, via transferência de renda. Agora queremos avançar na geração de oportunidades de desenvolvimento para as empresa e na qualificação profissional. Esse é o objetivo final da politica econômica", declarou.

Inflação em alta


Nelson Barbosa disse ainda que o aumento de inflação, que vem sendo registrado em 2015, é "temporário". Em doze meses até fevereiro, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação oficial, medida pelo IPCA, somou 7,7%. Para este ano fechado, a previsão do mercado financeiro está em 7,93% - acima não apenas do centro da meta de 4,5%, mas também do teto de 6,5% do sistema brasileiro.

Segundo o ministro do Planejamento, as expectativas do mercado financeiro indicam, porém,  que a inflação de 2016 e de 2017 "permaneceu no mesmo lugar, e até caiu". "O aumento da inflação está sendo percebido como temporário, fruto do realinhamento de preços. Vamos trazer a inflação para baixo mais rapidamente do que o mercado esperava no fim do ano passado, mas não tão rapidamente quanto gostaríamos. O aumento da expectativa de inflação [dos economistas dos bancos] aconteceu somente sobre esse ano", declarou Barbosa.

De acordo com economistas, a inflação está pressionada pela alta do dólar neste ano, pois os produtos e insumos importados ficam mais caros. Além disso, a inflação também sofre os efeitos dos reajustes dos chamados "preços administrados" (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros). Para a energia elétrica, o rejuste pode superar 40% neste ano.

Fonte; Portal G1


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