Publicado por Redação em Notícias Gerais - 14/09/2011 às 19:27:43
Bancos brasileiros apostam na alta do dólar
A corrida dos bancos brasileiros para liquidar suas apostas na queda do dólar, segundo analistas, explica porque a moeda subiu em um período em que houve forte entrada de recursos estrangeiros no país.
Devido à instabilidade neste mercado, pela primeira vez desde o dia 22 de dezembro do ano passado, o Banco Central não fez leilão de compra de dólares.
Segundo cálculos do mercado financeiro com base em dados do BC, os bancos usaram o dinheiro que entrou no país, mais de US$ 8 bilhões, para cobrir suas dívidas e estão agora com moeda estrangeira em caixa, o que significa que apostam na alta da divida.
No jargão do mercado, se diz que as instituições estão "compradas" em dólar, em volume superior a US$ 1 bilhão.
Entre abril de 2010 e agosto deste ano, elas estiveram sempre "vendidas" --como se vendessem o dinheiro hoje, a uma taxa mais alta, para entregar no futuro, adquirindo a moeda no mercado por um custo menor. Ou seja, apostavam e ganhavam com a queda nas cotações.
Essas apostas chegaram a quase US$ 17 bilhões no final do ano passado. Desde então, o BC impôs limites a essa especulação, que havia caído para US$ 6 bilhões no fim de agosto.
Sem essa redução, o efeito da piora na crise internacional sobre o mercado de câmbio teria sido maior, pois haveria mais demanda dos bancos por dólares.
Dados do Banco Central até a última sexta-feira (9) mostram uma entrada de US$ 8,1 bilhões no país. Nesse período, o BC retirou do mercado apenas US$ 214 milhões. Mesmo assim, o que se verificou foi uma demanda superior à oferta de divisas.
"O BC não comprou dólares porque o dinheiro entrou e ficou nos bancos", diz o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Galhardo diz que, apenas quando o mercado avaliar que possui dólares suficientes para atender à demanda sem ter prejuízo com a alta da moeda haverá uma reversão das cotações.
"Vamos ver o dólar voltando para R$ 1,65 ou R$ 1,60, mas não vai ser tão rápido assim. Em setembro e outubro ainda haverá um pouco dessa pressão."
Sidnei Nehme, da corretora NGO, avalia que a mudança nas apostas no mercado de contratos de dólar também está contribuindo para puxar as cotações para cima.
Fundos estrangeiros, por exemplo, precisam reduzir suas apostas nas quais ganhavam com a queda do dólar e a alta dos juros no Brasil. Há US$ 14 bilhões em contratos que podem ser liquidados, movimento que pode "contagiar" o preço do dólar no mercado à vista.
Fonte: www1.folha.uol.com.br | 14.09.11